Os franceses deram forma ao vinho no mundo todo. Onde quer que exista um vinhedo plantado, a primeira referência onde se espelha é algum canto da França, em particular a região de Borgonha a Bordeaux. Essa influência se deu na Califórnia e também em Mendoza.
Aos pés dos Andes, no Valle de Uco, este reflexo gerou uma pequena Bordeaux do outro lado do planeta: sete dos châteaux mais prestigiosos da região decidiram investir em uma única propriedade onde plantar suas vinhas e construir suas vinícolas. O empreendimento foi chamado de Clos de los Siete e, desde 1998, é responsável por dar um sotaque francês ao Malbec produzido na Argentina.
![Clos de los siete](https://blog.winesofargentina.com/wp-content/uploads/2021/09/Clos-de-los-Siete-_-Inte01-1.jpg)
Clos de los Siete, um sonho transformado em vinhedo
Após trabalhar por mais de uma década na Argentina, Michel Rolland sentiu a necessidade de empreender o seu projeto pessoal em Mendoza. Imaginou a sua execução junto ao seu amigo e enólogo Jean-Michel Arcaute. No final da década de 90, eles se dedicaram a buscar uma propriedade virgem em uma região que começava a chamar a atenção dos winemakers, mas que já havia conquistado o coração de Rolland: o Valle de Uco.
“Eu descobri o Valle de Uco assessorando algumas das vinícolas mais importantes de Mendoza. As uvas deste vale sempre se destacavam, em especial as de Malbec. Isso me convenceu que a oportunidade de elaborar os melhores vinhos de Mendoza estava lá”, recorda Michel Rolland sobre a época em que estava dando início à Clos de los Siete, há mais de vinte anos.
O local escolhido foi a zona alta de Vista Flores — departamento de Tunuyán — onde poucos se atreviam a plantar vinhedos pelo temor às geadas. A superfície total da propriedade era de 850 hectares e se tratava do lugar ideal para materializar um sonho que, em simultâneo, implicava um enorme desafio.
No entanto, Rolland confiou em seu instinto e nas condições do terreno que havia encontrado: inclinação ao leste que assegurava o fluxo das correntes de ar frio em direção à zona baixa do vale e que recebe uma excelente exposição solar do norte; solos rochosos, pobres e com boa drenagem, além da disponibilidade de água pura de degelo para a rega.
Convencido do potencial destas terras e da qualidade dos vinhos que poderia obter, Rolland retornou a Bordeaux com a missão de unir forças para a sua aventura argentina e, em 1998, com distintas famílias proprietárias de prestigiosos châteaux bordeleses, lançou o desafio de criar o Far West do hemisfério sul.
![Clos de los siete](https://blog.winesofargentina.com/wp-content/uploads/2021/09/Clos-de-los-Siete-_-Inte02-1.jpg)
Um vinhedo excepcional
São muitas as condições que fazem de Clos de Los Siete um vinhedo singular. Por um lado, as qualidades do terroir de montanha; por outro, a sua escala. Com 600 hectares cultivados com uvas de qualidade superior, o Clos de los Siete é um dos vinhedos de maior superfície da Argentina, destinado exclusivamente à elaboração de vinhos de primeira categoria.
Para honrar o solo argentino, a variedade predominante é Malbec (60% da superfície). “É uma cepa única, que se expressa no solo mendocino de maneira inigualável”, destaca Rolland.
Também possui algumas videiras de Cabernet Sauvignon e Merlot, cepas indispensáveis para um vinhedo pensado por bordeleses, além de outras variedades que, graças às condições da região, alcançam excelentes resultados.
Quanto à construção da vinícola, desde o começo se priorizou a ideia de fundar estações independentes para que cada uma das famílias que acompanham Rolland elaborem seus próprios vinhos, acrescentando riqueza e diversidade ao projeto.
Construídos entre 2002 e 2011, cada um destes estabelecimentos destinam uma fração de sua produção para a elaboração do Clos de los Siete, vinho que atualmente une a Bodega Diamandes da família Bonnie (Château Malartic-Lagraviere – Gran Cru Classé de Graves- e Château Gazin Roquencourt – Pessac-Léognan), Bodega Monteviejo da família Péré Vergé-Parent (Château Le Gay, Château Montviel, Château La Violette y Château Tristan, em Pomerol), Cuvelier Los Andes, dos primos Cuvelier (Château Léoville-Poyferré – Saint Julien – e Chateau Le Crock – Saint-Estèphe — ambos em Médoc) e Bodega Rolland (Château Fontenil- Fronsac), de propriedade do mesmo enólogo.
Graças a esta disposição de vinícolas tão exclusivas num mesmo empreendimento, a Clos de los Siete é também um dos atrativos eno-turísticos e eno-gastronômicos mais importantes e visitados do Valle de Uco.
![Clos de los siete](https://blog.winesofargentina.com/wp-content/uploads/2021/09/Clos-de-los-Siete-_-Inte04-1.jpg)
Um vinho aclamado
Elaborado pela primeira vez em 2002, o Clos de los Siete se tornou um grande clássico argentino, que já acumula dezessete vindimas consecutivas: a de 2018 foi a última em chegar ao mercado.
Sempre a cargo de Rolland, Clos de los Siete é um assemblage para o qual cada uma das vinícolas do projeto colaboram com sua expertise para elaborar um corte final à base de Malbec.
Produto de uma das melhores safras dos últimos trinta anos em Mendoza, sua colheita de 2018 recebeu um envelhecimento de 11 meses (70% em barricas de carvalho francês e 30% em cubas) e está composta por 55% de Malbec, 19% de Merlot, 10% de Cabernet Sauvignon, 12% de Syrah, 2% de Petit Verdot e 2% de Cabernet Franc.
“A safra de 2018 foi excelente no Valle de Uco: um ano seco e frio, com amplitudes térmicas recorde e sanidade superior das bagas. O verão começou quente, mas logo refrescou nos meses de fevereiro, março e abril. Além disso, houve 30% menos de chuva que a média histórica, o que permitiu à fruta alcançar um equilíbrio ótimo, com boa acidez natural e expressão aromática”, diz Rolland.
Com uma produção anual que alcança o milhão de garrafas, a Clos de los Siete exporta para mais de 70 países e, com cada um dos reconhecimentos e prêmios que recebe no mundo, as famílias Bonnie, Péré-Vergé-Parent, Cuvelier e Rolland redobram seu compromisso com Mendoza, garantindo uma renovação geracional que fornece dinamismo, energia e diversidade ao empreendimento, assegurando anos de trabalho e muitos vinhos no horizonte.
Todos sabem que o Valle de Uco ainda tem muito para oferecer ao mundo.