A irrupção do Malbec na cena vitivinícola internacional sob a condução das vinícolas argentinas devolveu a este varietal o brilho que havia tido há duzentos anos. Hoje é possível encontrar estilos de Malbec argentino de diversas origens e categorias.
Assim, enquanto o cultivo do Malbec se expande pelo mundo, a Argentina se aperfeiçoa na precisão de seus tintos, explora o potencial de seus terroirs e amplia a sua oferta com novos estilos. Neste contexto, graças à versatilidade e plasticidade do varietal e da constante investigação e experimentação que winemakers e agrônomos realizam, o Malbec propõe muitas novidades a serem descobertas.
A seguir, vamos especificar quais são os estilos de Malbec argentino que todo amante da variedade emblemática da Argentina não pode deixar passar em sua próxima visita à loja de vinhos de sua preferência.
Estilos de Malbec Argentino: as últimas novidades
Malbec Orgânico. É uma categoria que está em ascensão dentre os estilos de Malbec argentino produzidos na Argentina, pois as condições naturais do território facilitam a produção de uvas de qualidade sem a necessidade de aplicar produtos químicos nos vinhedos. Por isso, a cada ano mais vinícolas decidem certificar seus processos para oferecer vinhos sustentáveis.
“Há tempos assumimos um compromisso com o meio-ambiente que nos levou a converter nossa chácara de 80 hectares de El Cepillo (Valle de Uco) para produzir orgânicos e obter a certificação biodinâmica. Hoje, também estamos em transição para a certificação orgânica de uma chácara em Agrelo de 150 hectares. Queremos que todos os nossos vinhedos estejam certificados. Estamos convencidos de que o único futuro possível é através do manejo sustentável dos vinhedos e da vinícola”, justifica Celina Rivas, winemaker responsável pelos vinhos de primeira categoria da Escorihuela Gascón (vale distinguir o Escorihuela Gascón Organic Vineyard, um dos vinhos argentinos mais premiados do mundo).
Atualmente, a lista de estilos de Malbec argentino com certificação orgânica é cada vez mais extensa e, entre eles, se destacam Artesano Malbec de Argento, El Salvaje Malbec Orgânico de Casa de Uco, Benmarco Sin Limites Malbec Orgânico, Domaine Bousquet Gran Malbec e o exclusivo Noemía Malbec, da Patagônia.
Malbec Nouveau. Os vinhos de maceração carbônica, inspirados nos famosos Beaujolais Nouveau não são um acontecimento recente na Argentina, apesar de que os elaborados com Malbec alavanquem a tendência. O objetivo principal destes tintos de sede, refrescantes e frutais é dar aos amantes desta cepa a possibilidade de desfrutar de seu tinto favorito em versão fresca e com pratos que costumam ser combinados com brancos.
“O Malbec responde de maneira incrível à maceração carbônica: não só nos permite elaborar tintos aromáticos que podem ser consumidos frios, mas também com baixa carga tânica e de álcool”, explica Tomás Stahringer, criador de Vinyes Ocults Malbec Maceração Carbônica, uma das opções mais bem realizadas às quais se soma o inovador Mythic Divine Creations Malbec Nouveau Maceração Carbônica e o Marcelo Pelleriti Blend Tinto Fresco.
Malbec Natural. A elaboração de vinhos sem sulfito, com leveduras nativas e mínima intervenção continua ganhando adeptos na Argentina, após anos de ensaios e testes com vinhos de expressões mais puras, sutis e conectadas à origem.
São muitos os produtores que aplicam esta filosofia para vários de seus vinhos, mas os de Malbec foram os que marcaram o caminho. “Trabalhar sem sulfitos e de forma biodinâmica me permite alcançar a pureza do Malbec de Maipú com uma saborosa expressão frutal, além de ótima textura e frescura”, explica Maricruz Antolin, uma das pioneiras deste estilo a partir do lançamento do seu Krontiras Malbec Natural, em 2018.
É interessante provar outros estilos de Malbec argentino de mínima intervenção, como é o caso do Le Petit Voyage, dos franceses Quentin Pommier e Thibault Lepoutre, e o Kung Fu Malbec, de Matías Riccitelli.
Malbec + Cabernet Franc. Um dos motivos do auge do Cabernet Franc na Argentina foi a busca por uma variedade que permita obter tintos de Malbec mais frescos e vibrantes.
Entre os ensaios mais promissores, a combinação com Cabernet Franc despertou o interesse dos winemakers. Assim nasceram muitos dos tintos argentinos que hoje seduzem a tantos consumidores, sendo uma categoria em ascensão que mantém o Malbec como protagonista e pode ser desfrutada em rótulos como o Norton Lote Negro, da Bodega Norton, entre outros.
“Sem dúvida, uma das variedades que melhor se acopla e mais beneficia o Malbec é o Cabernet Franc. Acrescenta intensidade aromática e frescura, além de ajudar de algum modo a aligeirar o Malbec com seus taninos mais finos, sem perder grip”, conta David Bonomi, do alto de sua experiência na Bodega Norton.
Outros indispensáveis são Trapiche Iscay Malbec-Cabernet Franc, Rompecabezas Blend de Finca Beth e Projeto Hermanas Malbec-Cabernet Franc, da Vinícola Lagarde.
Malbec de jarro Alcançar expressões puras e precisas de Malbec leva os enólogos a experimentar diversos métodos de elaborações e recipientes. Neste caminho, os jarros se transformaram em uma ferramenta ideal, já que não deixam aromas nem sabores no vinho, mas, em simultâneo, permitem que o líquido respire, proporcionando uma oxigenação gradual que define caráter e texturas.
“Queríamos mostrar o semblante mais autêntico de Gualtallary e conseguimos uma expressão diferente do que se pode encontrar em qualquer vinho da região, com um perfil super puro de texturas muito interessantes, onde a acidez vibrante se combina com gostos oxidativos que brindam um diferencial muito atrativo”, detalha Eugenia Luka, que com Matías Michelini elabora o Ello Malbec.
Por sua vez, Alejandro Vigil criou La Marchigiana Malbec Vino Ancestral, que se fermenta em grandes jarros do tipo qvevri georgiano; e Sebastián Zuccardi conta com um escasso e brilhante Malbec que denomina The Amphora Project.
Malbec biodinâmicos. Os ensinamentos de Rudolf Steiner se instalaram em muitos vinhedos e vinícolas argentinas, do norte à Patagônia e, logicamente, o Malbec é a melhor cepa para comprová-lo.
Tanto pequenos produtores como algumas das vinícolas mais reconhecidas confessam que aplicam preparados dinamizados e realizam suas tarefas culturais no vinhedo conforme o calendário biodinâmico.
“A agricultura biodinâmica nos permite sustentar um habitat saudável no vinhedo, preservando e nutrindo o equilíbrio e a harmonia da fruta”, explica Joanna Foster que, junto ao marido, Ernesto Catena, elabora Stella Crinita Malbec, um tinto biodinâmico que faz escola do mesmo modo que Alpamanta Natal, Nuna Malbec de Chakana e Krontiras Family Selection Malbec.