A chegada de Alejandro Vigil à presidência da Wines of Argentina se transformou num dos fatos mais importantes do mundo do vinho em 2022.
Chief winemaker da Catena Zapata e criador da El Enemigo Wines, Vigil é uma das figuras mais relevantes da vitivinicultura mundial e o alcance de sua gestão traz um grande entusiasmo para as vinícolas do país.
Com uma visão ampla do negócio, o enólogo promove desde o início de sua administração uma maior integração de todos os setores da indústria para fazer frente aos grandes desafios e oportunidades que o vinho argentino tem em seu horizonte.
“A primeira coisa que propus para a Comissão Diretiva e para as e os membros da WofA foi olhar para dentro para descobrir o que vamos fazer nos próximos meses. Na nossa atividade, os gostos dos consumidores e os cenários mudam muito, então é importante compreender em que ponto estamos e o que temos para oferecer e para compartilhar com o mundo”.
Este olhar introspectivo envolve também a análise da relação com diversos protagonistas da indústria como, por exemplo, Bodegas da Argentina, Coviar e União Vitivinícola Argentina (UVA), Fundo Vitivinícola, Conselho Federal de Investidores e o INPROTUR, entre outros.
“Precisamos aperfeiçoar e homogeneizar a comunicação sobre como queremos e precisamos visibilizar o vinho argentino. É claro, com respeito pela independência de cada instituição, mas trabalhando juntos, organizados e focados em uma mensagem comum”, acrescenta Alejandro Vigil.
Quanto às dificuldades que o negócio do vinho enfrenta atualmente na Argentina (flutuações no tipo de câmbio, inflação, custos em dólares de diversos insumos e complicações para a exportação, entre outros), Alejandro Vigil destaca que “devemos realizar entre todas as organizações uma análise profunda de todo o panorama até chegar a uma visão em conjunto para trabalhar com objetivos em comum. Sabemos que isto vai levar tempo, mas essa é a nossa proposta por parte da Wines of Argentina”.
Os objetivos de Alejandro Vigil à frente da WoFA
Missões inversas, eixo fundamental
Entre as ferramentas mais relevantes às quais Vigil faz referência, as missões inversas se destacam: “Queremos convocar a maior quantidade de nomes referenciais do vinho para que possam conhecer o país, a nossa cultura e tudo o que temos para oferecer. Estas visitas continuam sendo um eixo fundamental do trabalho da WofA para o trade: influem na categoria “Argentina” e na visibilização de nosso país como produtor de vinhos premium”.
Nesse sentido, o trabalho durante 2023 terá uma agenda bem nutrida: “Estamos muito satisfeitos com os resultados obtidos até agora, temos um plano ambicioso, federal e queremos que favoreça a representatividade dos pequenos projetos. Temos a certeza de que cada visitante se tornará um embaixador ou embaixadora de nossa atividade em todo o planeta. Temos que aproveitar a conjuntura, que se bem é adversa em muitos aspectos, serve para receber os que desejem conhecer em profundidade o vinho argentino. Esta é a nossa possibilidade de realizar ações de baixo custo, mas com alto impacto”, afirma.
Uma estratégia nacional
O programa de Vigil implica, ao mesmo tempo, diversificar a origem e as atividades das e dos convidados da WofA: “Atendemos a imprensa e os meios especializados, assim como também as e os compradores de vinho. É sabido que a Argentina elabora vinhos de classe mundial, mas precisamos ser atrativos para a totalidade das e dos consumidores, inclusive para aquelas e aqueles que procuram vinhos em segmentos mais econômicos”.
Por isso, todas as regiões vitivinícolas do país e as vinícolas de diferentes escalas vão estar envolvidas: “Nos propusemos a federalizar as atividades da WofA, assim como também escutar todas e todos os atores da indústria. Temos uma enorme diversidade para mostrar e sabemos que é preciso evoluir para reforçar a nossa presença em cada mercado. Para isso, é essencial ter mais intercâmbio e colaboração, portanto vamos continuar apostando nessa articulação, porque definitivamente podemos conquistar mais triunfos para a indústria colaborando em conjunto”.
Mais exportações, feiras e intercâmbio
Alejandro Vigil indica que a instituição vai trabalhar para poder “cruzar o teto que temos há anos com respeito às exportações. Devemos resolver esta questão e apontar para o universo do lifestyle e outras atividades com o objetivo de alcançar novas audiências e mercados”.
O desafio para 2023 inclui ampliar horizontes e organizar também eventos e ações comerciais com importadores dos mercados mais importantes para o vinho argentino.
“Temos que continuar mostrando as qualidades, a diversidade e as origens de nossos vinhos para incrementar o volume das exportações. Mesmo que nos custe assumir isso, em certos mercados a Argentina ainda não conseguiu introduzir e tornar conhecidos seus vinhos de qualidade. Precisamos consolidar a nossa imagem de país produtor e para isso nos apoiaremos em outros atributos do país que sim, são muito conhecidos, como o futebol e suas figuras principais”.
Inovação, diversidade, inclusão
Os pilares fundamentais da atual comunicação da WofA são destacados por Alejandro Vigil: “Somos um país vitivinícola que se encontra no lugar mais alto em relação à inovação e devemos dar a conhecer todos os nossos avanços. Isso não é novidade, pois há anos investigamos, diversificamos, crescemos e conseguimos consolidar a qualidade de nossos vinhos”.
Sobre a iniciativa “Women of Argentina”, orientada a visibilizar as mulheres do setor vitivinícola e que nucleiam todas as ações que a instituição leva adiante em matéria de equidade, inclusão, perspectiva de gênero e prevenção e erradicação de violências contra as mulheres, Vigil expressa:
“Hoje a nossa indústria está na vanguarda em questões de gênero, diversidade, inclusão e empoderamento feminino. Estes avanços são enormes e representam um grande benefício na hora de nos mostrar para o mundo. As últimas visitas que recebemos se emocionaram ao ver o compromisso da WofA com estas políticas e nos garantiram que somos uma organização pioneira nesses aspectos”.
Sustentabilidade: presente e futuro do vinho argentino
Em 2022, a WofA implementou práticas e conduziu ações que conseguiram provocar um impacto social, ambiental e econômico positivo, como acompanhar a Rede Global de Polinizadores Mendocinos em sua luta contra as mudanças climáticas mediante a adesão à campanha “Race to Zero” das Nações Unidas, além de se incorporar à Sustainable Wine Roundtable (SWR), coalizão independente e de alcance global que se propõe a unir a comunidade mundial do vinho e gerar o diálogo, a colaboração e o consenso em temas de sustentabilidade, entre outras questões.
“Em sustentabilidade também somos um país muito ativo e pioneiro. Contamos com o Protocolo de Sustentabilidade de Bodegas da Argentina, um dos primeiros a serem desenvolvidos em escala global, mas precisamos que todas e todos o conheçam. Temos ainda grandes passos a dar, mas trabalharemos incansavelmente para alcançar todos os nossos objetivos”, finaliza o enólogo.