Como ler o rótulo de um Malbec argentino?

malbec label

Ler o rótulo de um Malbec argentino é simples, descubra como entendê-los.

O mundo do vinho é complexo, por isso às vezes é um desafio escolher uma garrafa numa loja de vinhos ou num bar de moda. Isso ocorre porque os rótulos dos vinhos podem ser confusos, independentemente da procedência. E assim a distração gerada pelo design e pelos nomes das regiões e produtores, além do receio de escolher uma safra ruim, podem fazer você desviar do vinho que procurava.

Por tudo isso, é importante saber interpretar os dados incluídos nas etiquetas para decidir qual rolha sacar. E como cada país tem sua própria legislação em matéria de rotulagem, hoje vamos ensinar como ler o rótulo de um Malbec argentino sem se perder no meio do caminho.

Aspectos legais da rótulo de um Malbec argentino

Apesar de na Argentina terem sido criados alguns dos rótulos mais inovadores e originais do mundo, vale lembrar que todos devem ser aprovados pelo Instituto Nacional de Vitivinicultura (INV), o mesmo organismo oficial responsável por fiscalizar os aspectos legais da atividade vitivinícola no país.

Ou seja, todas as vinícolas devem validar antes no INV os dados que irão fornecer aos consumidores, informações que devem ser verdadeiras de acordo com o vinho que a garrafa contém. E embora o organismo não interfira em termos de design, exige o cumprimento de aspectos legais, como advertências ao consumidor (a famosa legenda “Beba com moderação”, a indicação de que a venda de álcool é proibida a menores, o teor de sulfitos, etc) que diferentes mercados podem exigir.

Além destas informações, devem constar as credenciais legais do produtor e os dados analíticos sobre a aptidão do vinho para a comercialização.

A legislação estabelece como obrigatório também o uso do selo oficial de “Vinho Argentino Bebida Nacional” ou a aplicação da referida legenda.

É Malbec?

Como em todos os países vinícolas do Novo Mundo, as fabricantes argentinas recorrem principalmente à menção da variedade ou da composição do vinho nos rótulos. Portanto, se Malbec é a palavra de destaque na garrafa, pelo menos 85% do vinho corresponde a esta casta. Agora, se nenhuma cepa atingir 85% do vinho total, será um vinho de corte para o qual podem usar definições como blend , cortemistura ,assemblage ou coupage .

Neste sentido, é interessante prestar atenção ao perfil de Malbec de que gostamos, pois muitas vezes pode haver uma pitada de outras uvas como Cabernet Franc ou Bonarda, que costumam agregar nuances muito agradáveis ​​ao vinho sem perder a essência do Malbec.

De onde vem o vinho?

É na identificação de origem que as garrafas de vinho do mundo todo complicam mais a vida do consumidor. Basicamente, isso ocorre porque geralmente se conhece as regiões mais importantes de cada país, mas atualmente as vinícolas buscam detalhar cada vez mais precisamente o terroir e o micro terroir utilizados.

Nesse sentido, na Argentina se aplica a condição de 85%, ou seja, um vinho que mencione uma origem específica deve ser feito com pelo menos 85% de uvas da região declarada.

Na sequência, o sistema aplica a dinâmica do geral ao particular, autorizando misturar uvas de diferentes áreas, embora apenas a unidade maior e que contenha dentro dos seus limites os vinhedos envolvidos possa ser utilizada como origem.

Por exemplo, Agrelo e Perdriel são dois distritos de Luján de Cuyo, em Mendoza. Um vinho feito com uvas dessas regiões pode ser identificado como vindo de Luján de Cuyo ou Mendoza, mas não de Agrelo ou Perdriel somente.

Portanto, se o rótulo do Malbec que compramos designa uma região específica acompanhada da expressão “Indicación Geográfica”, significa que compramos um vinho cujo carácter responde a uma origem.

Com relação a essas Indicações Geográficas, atualmente a Argentina tem 101 aprovadas e em vigor, enquanto no rol das Denominações de Origem autorizadas, apenas a de Luján de Cuyo é utilizada por um seleto grupo de produtores para seus Malbecs. Em todo caso, deve-se observar que a legislação se preocupa em proteger a origem dos frutos e não em estabelecer normas  ou práticas enológicas obrigatórias.

Que tipo de Malbec é?

Na Argentina, todos os tipos de vinhos são produzidos a partir de um parque varietal que inclui centenas de castas autorizadas. No entanto, algumas menções que chegam aos rótulos atendem a determinados parâmetros de regulamentação obrigatórios para as vinícolas.

Um caso que tem diferentes aplicações no mundo são os termos que podem se referir ao envelhecimento do vinho em barricas ou em contato com o carvalho, aspecto contemplado pela lei vitivinícola argentina.

Se encontrarmos na garrafa a palavra “ROBLE´´, significa que o vinho esteve em contato com madeiras alternativas, mas não em barris. Agora, se o rótulo contém a palavra “RESERVA”, indica que é um Malbec que ficou pelo menos 12 meses em barris (no caso dos brancos, mínimo por 6 meses) e se estamos diante de um “GRAN RESERVA”, o prazo mínimo é estendido para 24 meses para os tintos e 12 para os brancos.

Com este guia, você tem um GPS para interpretar cada rótulo. E assim será mais fácil evitar se perder nas especificações técnicas do vinho.

Se você gostou desse artigo, não deixe de ler: Por que guardar vinhos argentinos?

Comments

No comments yet. Why don’t you start the discussion?

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *